Real.: Louis Leterrier
Int.: Sam Worthington, Liam Neeson, Ralph Fiennes, Gemma Artenton, Mads Mikkelsen, Alexa Davalos, Jason Flemying, Danny Huston, Nicholas Hoult, Pete Postlethwaite
Em 1981 foi concebido o ultimo filme de Ray Harryhausen, o eterno animador de stop-motion que gerou os efeitos visuais de vastas obras como The Golden Voyage of Sinbad (1974) ou Jason and the Argonauts (1963), o seu último trabalho no cinema é com Clash of Titans de Desmond Davis (1981), uma aventura recheada de mitologia grega envolto da imortalizada luta entre Perseus (um semi-deus) e Medusa (uma criatura amaldiçoada por um olhar fatal) que contou com as aparições de Laurence Olivier e Maggie Smith. Passado 30 anos tais “bonecos” são substituídos por CGI, sendo que os resultados sejam mais satisfatórios, contudo menos dispendiosos e artísticos e assistindo numa época pós-Avatar onde tais imagens confundem com o 3D, Clash of Titan é reavivado através da alta tecnologia onde tudo aquilo característico da fita dos anos 80 se perde num blockbuster do século XXI. A produção a cargo de Louis Leterrier (The Incredible Hulk) é um festim de efeitos visuais que nelas se depositam para a criação de criaturas mitológicas ou somente a construção de cenários meramente míticos tais como o Monte Olimpo ou o Covil da Medusa. Clash of Titans nos remete a uma renegação do ser humano às suas divindades, sendo que tais figuras religiosas se unem e revoltam-se contra a humanidade, libertando uma das maiores bestas do mundo, Kraken, uma colossal criatura, fruto de criação de Hades (o Deus dos Mortos). No centro dessa batalha encontra-se Perseus, filho de Zeus (O pai de todo os Deuses) que desafia a própria devastação. O argumento encontra-se alterado do original, gerar uma essência mais caótica de Deuses contra mortais, porém tal premissa encontra-se desfigurada numa esquematização que reflecte uma leveza sem profundidade, ou seja Clash of Titans assemelha a um videojogo bem elaborado visualmente com uma narrativa em forma de videoclipp do que um filme de grande teor fantástico, este cruzamento de Conan e Avatar ainda inflecte na descartabilidade das personagens e numa falta de crença nos actores. Sam Worthington, protagonista de Avatar, é um herói ultrapassado, estereotipado e sem manobra para bom perfomance, por sua vez os imaculados Ralph Fiennes (Hades) e Liam Neeson (Zeus) estão sem tempo de show, tal facto acontece a Mads Mikkelsen numa prestação carismática. Se os efeitos visuais resultam no seu esplendor, já o 3D é inaceitável, tudo porque O Confronto de Titãs (titulo traduzido) é um oportunista, convertido a três dimensões para o proveito dos bilhetes mais caros e da apelativa tecnologia que está a dar muito que falar, ao contrário dos êxitos Avatar de James Cameron e Alice in Wonderland de Tim Burton, filmados com o uso da câmara de duas objectivas. Um blockbuster pipoca vazio que tal se costuma dizer, muita parra, pouca uva. Muitas saudades deixam o nosso “amigo” Harryhausen.